quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Nós e Eles e os Livros

Há dias passou um programa na televisão em que jornalistas e professores discutiam a importância da leitura. Um dos interlocutores referia a leitura ao deitar como uma das boas memórias da infância e, como um dos factores que conduziram ao seu gosto pelos livros. Entretanto uma das professoras, e também mãe de um adolescente, explicava que também ela tinha feito o ritual da história à hora de deitar, mas que hoje o seu filho não lia. Referia que os jovens reagem mais à leitura com estímulo visual do que apenas à leitura abstracta.
Como vivemos numa sociedade cheia de estímulos, a leitura por si só deixou de ser estimulante. Confesso que aquelas palavras ecoaram durante algum tempo no meu cérebro, pois como é que um livro por si só não é estimulante?
Há livros de todas as cores e feitios, com mais ou menos imagens, com cheiro e sem cheiro, com laços e até com brindes. Nesta perspectiva como pais/educadores, teríamos o caminho facilitado para aliciar as crianças e os jovens à leitura. Mas a verdade é que não. Como é que um livro, com a história mais fantástica, por si só não será estimulante?

Sabemos quais são os livros que os nossos filhos/educandos gostam de ler? Qual o seu género literário?  Autor favorito? Ou sabemos simplesmente que não gostam muito de ler.

Os tempos são outros.  Hoje podemos estar a ler comodamente um jornal no PC, enquanto conversamos no chat e até comentamos as últimas notícias “postadas” no facebook. Ou então no iPad “folheamos” calmamente as páginas do nosso livro favorito. Livro também é sinónimo de e.book.

Eu ainda sou do tempo das carrinhas da Gulbenkian, verdadeiras bibliotecas ambulantes, carregadas de histórias e de muitos quilómetros. Mas os tempos são mesmo outros.

Hoje temos mais ferramentas, mais espaços literários, mais meios de leitura, mais formas de ler livros. A leitura é um veículo de aprendizagem e de desenvolvimento crucial ao longo da nossa vida. Nunca se é demasiado novo para folhear um livro nem demasiado velho para deixar de ler.

 (Eu gosto muito dos livros em papel, e para mim não é nada abstracto, mas isso sou eu. Posso partilhar esta experiência, este gosto com os meus filhos/educandos mas não posso obrigá-los a gostar do mesmo que eu).

Não se aprende a gostar de livros por osmose. Cultive o gosto pela leitura. Partilhe leituras em casa ou na biblioteca, em papel ou em computador. Acredito que, mesmo que digam que não gostam de ler, o "bichinho da leitura" vai ficando por lá. Por isso não fique de fora!

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ESTUDO APEL
Foi encomendado, pela APEL, um estudo de hábitos de leitura, à empresa Multidados, Consultoria e Tratamento Estatístico de Dados.
Os participantes neste estudo tinham idade igual ou superior a 14 anos e eram residentes em Portugal Continental e Insular.
A recolha de informação foi efectuada através do método de entrevista directa, utilizando um questionário estruturado, com perguntas fechadas. A informação foi recolhida e tratada entre os dias 1 e 31 de Março de 2005.
Veja aqui os resultados

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